A polêmica dos aplicativos de economia colaborativa, como o Uber, ganha mais um nome na disputa. A startup Shippify, sediada em Belo Horizonte (MG), também atua no mercado de transportes, mas na área logística, com a entrega de mercadorias.

A ideia é simples: qualquer proprietário de um meio de transporte pode se cadastrar no aplicativo da empresa para realizar entregas pela cidade. As encomendas conduzidas são de lojas e comércios locais, que contratam o serviço da marca para levar os produtos até seus clientes em um prazo de 24 horas.

“Nós queremos trazer o conceito de consumo colaborativo para a logística e utilizar os recursos que já existem na comunidade”, diz o gerente de operações da Shippify, Lucas Grossi.

A semelhança com o Uber é uma das características que saltam aos olhos. No entanto, Grossi argumenta que a atividade da startup é menos restritiva.

“É uma comparação inevitável, mas a grande diferença é que nós não excluímos ninguém, bicicletas, motoboys, pessoas que estão indo para o trabalho de carro, empresas de frete, todos podem participar e fazer fretes”, afirma.

Fundada no Chile, a empresa veio para o Brasil em 2014, com investimento inicial de R$ 50 mil. Hoje, tem atividade nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e na capital mineira.

Cerca de 1100 entregadores estão cadastrados no aplicativo e prestam serviço, sem vínculo empregatício, para as 75 empresas que firmaram contrato com a Shippify.

Com a promessa de preço baixo e tempo de entrega reduzido, a marca busca se destacar no mercado local. Os valores estabelecidos por cada produto transportado vão de R$8,00 a R$17,00, de acordo com volume da mercadoria e com a distância que deverá ser percorrida pelo entregador.

A fragmentação do setor de logística, que envolve atuação de diversos grupos, como motoboys, Correios, ou empresas de fretes, é, na visão do professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, uma das principais vantagens competitivas da marca.

“Quando há entregas numa mesma cidade é difícil achar um modelo de negócio que tenha muitos empregadores e que o custo seja competitivo. Como o aplicativo faz uma intermediação entre entregadores e empresas, o custo cai bastante e a disponibilidade de colaboradores aumenta, porque existem muitas pessoas interessadas e que podem fazer o transporte”, diz.

A grande dificuldade é padronizar o serviço para garantir a qualidade, alerta o professor. “Como a iniciativa envolve vários profissionais independentes, a empresa precisa educar quem vai fornecer.”

A Shippify oferece treinamento gratuito para os interessados em colaborar e deposita aos entregadores, semanalmente, o valor dos traslados feitos durante o período. 15% do total arrecadado fica com a startup.

O mineiro Rodrigo Zatti é o transportador com maior número de entregas realizadas pelo serviço. Dono de uma Kombi – que utiliza para fazer fretes de móveis em Belo Horizonte –, Zatti viu, na atividade informal, uma forma de aumentar sua renda.

De segunda a sábado, o motorista usa as tardes para fazer entregas de itens como garrafas de vinho, comida congelada e almofadas, gerenciadas pela Shippify. Ao final da semana, Zatti tira uma média de R$700,00, se descontados os gastos com gasolina.

“Geralmente, transporto de 15 a 30 objetos por dia, porque é uma rota rápida. Eu continuo com a renda que já tinha antes e consigo somar essa no orçamento”, explica.