Consumo colaborativo dá um novo valor para velhas coisas porque a tecnologia achou uma forma de entregá-las usando menos recursos

O termo economia colaborativa descreve, acima de tudo, um tipo de consumo ligado mais ao acesso do que à posse. O que essa tendência tem a ver com a tecnologia? Tudo. A tecnologia facilita e acelera processos de transformação social a partir das novas soluções que oferece para problemas antigos, como por exemplo o próprio capitalismo. Estão aí os séculos 20 e 21 para nos mostrar que o nosso modelo econômico é cíclico, e que a inovação acontece nos espaços entreuma crise e outra.

Se não fosse pelo desenvolvimento tecnológico, não teríamos ido de 20 camelos ao ouro, do ouro à moeda impressa, da moeda para o cartão de crédito e assim por diante até chegar na piração que é o bitcoin, um dinheiro que não existe e que não mora em lugar nenhum.

Mais do que isso: o que antes era pago e restrito passa a ser mais barato (ou gratuito) e compartilhado, simplesmente porque a tecnologia achou uma forma de entregar a mesma coisa em um período menor de tempo usando bem menos recursos. Esta é a grande chave do consumo colaborativo: no fundo a gente adota esses novos padrões simplesmente porque fica mais fácil e barato consumir assim. É ou não é?

Mergulhe essa dinâmica no rastro de pólvora da internet, mexa tudo e voilà: temos as mudanças de comportamento que destroem padrões capitalistas. Nesse sentido, a tecnologia é a grande força transformadora da forma como consumimos. Algumas vezes ela protocola determinado tipo de troca (ainda que em moldes “isto-por-aquilo”), mas em outros casos apenas arrebenta o cercado e libera acesso ao que antes sustentava indústrias inteiras.

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Foi assim com a indústria da música e o compartilhamento peer-to-peer, que nos ensinou que trocar arquivos era fácil e grátis. Uma rede cada vez mais conectada em que ter coletivamente vale mais do que possuir. Do microempréstimo ao crowdfunding, seria muito mais difícil arrecadar fundos de forma colaborativa se a tecnologia não tivesse inventado maneiras de evitar instituições e processos engessados.

Hoje, sites de patronato permitem que você ajude seu projeto (escritor, músico) favorito através de microdoações. Comunidades on-line possibilitam o encontro de microprodutores com visibilidade global. Plataformas de equity crowdfunding dão acesso a investir em startups em ascensão fora da bolsa de valores, e espaços compartilhados ensinam às pessoas as novas regras de convivência.

Essa economia compartilhada nada mais é do que uma solução criativa, inovadora e sustentável para os próximos ciclos que teremos que enfrentar. As soluções de alto impacto e pequeno porte que a tecnologia traz são de longo prazo e de rápida absorção. E em breve, com os dados gerados pelo aumento de conectividade, vamos conseguir mapear direitinho o que de fato precisamos para viver. A nossa aposta para esse bolão: é bem menos do que gente imagina.

Fonte – Coluna Ada: Revista TPM

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