Muitas pessoas estão se questionando hoje em dia sobre a necessidade de comprar tantas coisas quando se poderia alugá-las, ocasionalmente, apenas no momento em que houvesse a necessidade de utilizá-las, e ainda mais com a facilidade e praticidade oferecidas pela internet. Esse é o princípio de serviços on-line que permitem conectar proprietários de produtos subutilizados que queiram disponibilizá-los, de alguma forma, a outras pessoas dispostas a pagar para isso. Baseia-se no conceito de que as pessoas querem o benefício e a experiência que as coisas proporcionam e não necessariamente as coisas em si.

Neste tipo de prática as pessoas procuram alternativas para reduzir o consumismo e o modelo tradicional de aquisição baseado na propriedade individual. O resultado é conhecido como “consumo colaborativo”, uma reinvenção dos antigos comportamentos mercantis de compartilhamento e troca, comércio e aluguel impulsionado pelas novas tecnologias em escala, de mobilidade e localização, ou seja, o escambo da era digital.

O consumo colaborativo é uma quebra de paradigma para a produção em grande escala, propaganda massiva e obsolescência acelerada dos produtos que são produzidos para serem descartados em pouco tempo. Além de proporcionar uma renda extra para os proprietários e ser menos dispendioso e mais conveniente para os usuários, que podem ter acesso temporariamente a bens e serviços sem que haja a responsabilidade e o custo de adquiri-los.

É uma nova tendência que surgiu em meio à crise econômica vivida pelos EUA, que tem a sustentabilidade como uma das suas principais vantagens, mas que pode também servir de inspiração para o desenvolvimento de novos negócios, como os atuais clubes de aluguel de automóveis, bicicletas, brinquedos, artigos e acessórios de moda, os serviços de troca e revenda de livros, DVDs, jogos e roupas, além dos serviços focados no estilo de vida colaborativo, como a carona coletiva, as moedas sociais, a troca de aprendizado, a divisão de táxi, entre outros.

Há basicamente dois tipos de sites de consumo colaborativo, um voltado para a troca entre os seus membros, onde cada um disponibiliza a lista do que está oferecendo e precisando e a troca ocorre pelos correios ou pessoalmente. O outro tipo é voltado para compartilhamento de itens disponibilizados por empresas para serem utilizados pelos seus membros que realizam um agendamento do período de uso e local de retirada.

As redes sociais e os sistemas de recomendação, que disponibilizam as avaliações, os comentários positivos ou críticas de clientes anteriores e a verificação de amigos em comum, são essenciais para a construção de confiança neste modelo já que há riscos e receios envolvidos, principalmente na troca entre membros desconhecidos de um site. Até porque alugar um apartamento de um estranho em outra cidade, por exemplo, pode ser menos assustador depois de ler depoimentos de outros clientes que utilizaram e recomendaram o serviço.

A motivação para as pessoas aderirem ao consumo colaborativo pode estar relacionada à renda extra, obtida através da comercialização de objetos, espaço ou tempo excedentes, economia de custos ou recursos naturais, solidariedade, socialização, consumo consciente e valorização de práticas sustentáveis no desejo de cortar desperdícios e aumentar a vida útil de produtos.

Empreendedores precisam estar atentos a esse fenômeno de mudança comportamental, que já é uma realidade apesar de ainda incipiente, que além de servir como fonte de inovações para novos e atuais negócios ou produtos, pode também ser parte de uma estratégia focada na construção de relacionamento com uma determinada comunidade ao atender suas preocupações e anseios emergentes, principalmente se for o público jovem. Afinal, eles já nasceram conectados, estão cada vez mais conscientes, informados e usam a internet para gerar mobilização e novas ideias.

Fonte:  Sandra Turchi – E-Commerce News